quarta-feira, junho 21, 2006

Coluna do Marcão - "O Gigante Otomano"

Viajar de avião traz sempre aquelas preocupações inerentes do tipo será que o avião vai cair, ou será que minha bagagem não será extraviada ou será que o jantar vai ser horroroso ou apenas ruim. Bom a partir de agora, me preocupa também quem sentará ao meu lado. Logo após embarcar, senti que a viagem não seria muito confortável. Um ser grande, muito grande, tentava, sem sucesso, acomodar-se na poltrona ao lado da minha. Ele até conseguiu, o problema é que seus braços invadiam o pequeno espaço dedicado aos seus vizinhos, um deles...eu.
É curioso como a gente identifica rapidamente um mala. O ser grande, muito grande, era um desses e naturalmente merecia um apelido, que rapidamente lhe foi outorgado após balbuciar algumas palavras em um idioma parecido com cipriota. Nosso bravo amigo passou a ser conhecido como o gigante otomano. Ser grande não é o problema, desagradável é quando o sujeito é espaçoso, caso do gigante. Na primeira brecha, levantei-me e fui conversar com meus amigos. Pra que...na minha volta, o gigante havia se apoderado da minha tv e divertia-se tranquilamente jogando com meu controle e conversando animadamente com um amigo que no momento ocupava meu lugar.
Tive esperança que o gigante, pelo desconforto da viagem, logo se levantaria para esticar as pernas, tolo engano, já que nosso amigo, talvez por estar preso à poltrona, permaneceu praticamente toda a viagem encaixado em ¨nosso¨ lugar.
Após algumas horas de papo no fundo do avião, resolvi sentar-me um pouco, fui obrigado a incomodar o otomano, que pareceu contrariado com a minha volta. Sentei-me e pouco depois, percebi que o gigante adormecera, ou seria melhor, hibernara. Claro, vocês já podem imaginar, que o sujeito adormecido começou a tombar para o meu lado e eu, apesar de meu 1m.94 de altura, me sentia pequeno e sem forças para dar um cutucão que melhorasse a situação.
Finalmente aterrisamos em Paris, mas o sufoco parecia não ter fim, já que o Otomano seguiu o mesmo caminho, indo em direção ao nosso terminal para pegar uma conexão. Neste momento, quando todos acreditavam que o gigante também vinha para a Copa, meu desejo foi atendido, ele sumiu em um banheiro e pegou uma conexão pra PQP.
O resumo da viagem é que fiquei de pé metade das 11 horas de vôo e traumatizado com a possibilidade de reencontrar o gigante otomano em uma próxima oportunidade. Mas não ria, ninguém está livre dessa praga conhecida como ¨Mala Viajante¨. O Gigante Otomano está por aí.

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